quadrinhos clássicos e de autores consagrados da Nona Arte, o primeiro
volume das tiras do Little Nemo que saíram no jornal New York Herald entre
1905 e 1909.
Mas antes de falar da publicação gostaria de fazer um relato muito pessoal
sobre o personagem, que nos encanta desde 1905 e a mim, desde meados da
década de 1980, quando tive os primeiros contatos com os quadrinhos
clássicos e de autores como Winsor McCay, Angelo Agostini, Will Eisner, Alex
Raymond, entre outros artistas que já eram considerados clássicos, mesmo
que apresentassem diferentes estilos e seus personagens fossem de épocas
diferentes também.
Foi um mundo bem diferente do que já estava acostumado, quando raramente
podia comprar e ler os gibis de heróis da Marvel e da DC Comics, os
quadrinhos voltados para as crianças como a Turma da Mônica do Maurício de
Sousa, ou outros desenhistas brasileiros como o Ziraldo, com suas publicações
do Menino Maluquinho e a Turma do Pererê.
Como o nosso interesse pelos quadrinhos só aumentava, eu e meus amigos,
sempre que a gente podia, íamos numa Livraria especializada em quadrinhos
que ficava na Avenida São João, chamada Muito Prazer.
Que alegria lembrar que foi lá que vi pela primeira vez uma edição portuguesa
maravilhosa do Pequeno Nemo.
Com desenhos e histórias fantásticas, fiquei fascinado e achei muito
interessante que alguém já fizesse aquele tipo de HQ em 1905.
pernas gigantes e o leva para passear pela cidade. Muito divertido.
Claro, que agora, depois de tantos anos, matei a vontade de ter uma edição
como aquela e aqui entre nós, muito mais bonita que o sonho de consumo dos
apaixonados pelos quadrinhos e que não podiam adquirir, naquele momento,
aquela edição importada, tendo em vista o alto custo da edição.
Sei que várias vezes fui a Muito Prazer para apreciar os desenhos de Winsor
McCay, que confesso, também foi influência para uma das HQs que criei na
época chamada PLANETA DREAM, não à toa, pois para quem nunca leu Little
Nemo, todas as aventuras do garotinho Nemo acorrem em Slumberland, terra
que o personagem frequenta quando vai pra cama dormir e sonha.
muitas vezes cai de sua cama, quando é, na maioria das vezes consolado ou
repreendido por alguém.
O que sempre me chamou a atenção e depois descobri, é que muito antes dos
Surrealistas, o autor já apresentava personagens, paisagens e acontecimentos
dignos dos maiores artistas desse estilo, como Breton e Dali, tendo como
cenário o mundo dos sonhos, totalmente sem limites para a sua criatividade.
Acredito que muitos artistas que trabalham com o estilo fantástico tenham
bebido dessa fonte, pois os desenhos são lindos e as aventuras agradam a
todos, basta sonhar e se deixar levar pelas descobertas do Pequeno Nemo e
de seus amigos, e aproveitar que agora temos uma edição brasileira, muito
bem cuidada, com as 220 primeiras hqs, em grande formato, em cores e o
melhor, em ordem cronológica para apreciarmos a evolução do seu criador,
como ilustrador e contador de histórias.
Grande abraço e até a próxima!
André Maschietto – 23/02/2023